segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

Caminho



Caminho
I


Em um futuro distante irei falar do meu presente,
Das dores de um presente que será passado no futuro.
Do amor que me rejeitou,dos irmãos que perdi
Da paixão que me consumia, em uma noite qualquer preenchida de aventuras ensaiadas
Beijos e abraços, cinzas espalhadas pelo caminho
De uma casa qualquer no meio do nada em uma cidade iluminada.
Sei que vou lembrar com receio do que fiz
Um dia vou lembrar das minhas lagrimas forçadas, do meu corpo que não quer chorar.
Vejo meu futuro de cabelos brancos
Numa casa pintada de cores inventadas
Por uma cabeça louca e perdida
Presa no vazio do infinito.
Vou lembrar dos seus afagos excitados
Junto aos meus seios ferventes de prazer
Só não quero ser um velho grisalho arrependido com meu uísque
Esperando a vida acabar.


II


Os cabelos grisalhos do senhor de meia idade que passa diante da avenida movimentada,
se ressaltaram com o brilho
Que o sol tão forte iluminava esta alma já envelhecida e cansada,
Onde neste momento lembrava da plena juventude,
Sem arrependimentos, nem ressentimentos de uma vida sem rumo,
Tanta liberdade em um coração tão só.
Que nunca teve espaço para felicidade em um peito solitário.
Ele caminhava, e junto de si uma mala de ilusões perdidas
Sonhos jamais conquistados.
Seus olhos sábios, já sabiam de mais,
Que viver certas emoções era incabível em sua longa vida repleta de experiências.
E pensava incansavelmente:
- Será que esta estrada tem fim?
-Será que verei o céu tão azul outra vez?
-Ou será que nunca vi?
-E não percebi!?
-Será que perceber a subjetividade é tão simples assim?
-O que é o ser subjetivo na natureza nunca linear?
Apenas gostaria de sempre ser o artista do meu intimo cotidiano, o poeta da minha longa vida e profeta da minha própria história.

domingo, 23 de dezembro de 2007

Dizendo da saudade





Diz-se que a saudade mata
Que a saudade dói
Que até nos machuca.
Pois lhe digo que nunca ouvi tanta asneira em toda a vida
Não há palavra de grau tão ínfimo como a da saudade,
A saudade há, quando não se tem
E o simples fato de não ter, se torna tão dramático ao homem,
Que faz, ‘’o não possuir’’, uma outra dor inventada
A ‘’saudade’’
O homem é criativo
Até mesmo em suas dores
Os conflitos emocionais humanos
São contingentes à teus modos compassivos da realidade
Sentimentalização chula da insustentável vontade de existir
Fazendo das trevas um esconderijo de seus sentimentos inventados
De sua mente agonizada
Pois esta dito, onde há saudade não há verdade
A saudade se dá quando se prende.
Porque esse desejo,essa vontade de estar?
Porque simplesmente nunca ‘’estar’’
Não quero ‘’estar’’ nunca ao lado de ninguém
Nem à frente
Muito menos atrás de ti
Simplesmente não quero a saudade
Saudade é um desejo de estar onde nunca retornará.


M.M