quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Esperas avulsas






Engana esta face que te chama
Aquelas palavras de uma língua órfão
E vozes que saem roucas de um longo silêncio
Engana esta face que te clama,
Você, sempre aquele brilho com sorriso maroto
Eu, uma sombra que anda pela penumbra
Com o eterno medo de ser notado e julgado
Engana esta face que te beija
Memórias vivas que sangram pelas minhas narinas
Pés cansados de um aleijado
Cajado de um cego torturado
Engana esta face que te deita
Duas faces sem lastro
De um destino planejado
Pés calejados que olham para o céu
Já fartos de correr
Um peito arranhado cansado de esperar
Uma face gêmea que não enganas
Teu desejo de chamar,clamar e deitar
Numa vida única
De planos avulsos jogados no espaço


M.M

Ariana






Ela é o tipo perfeito da ariana,Branca, nevada, púbere, mimosa,A carne exuberante e capitosaTrescala a essência que de si dimana.As níveas pomas do candor da rosa,Rendilhando-lhe o colo de sultana,Emergem da camisa cetinosaEntre as rendas sutis de filigrana.Dorme talvez. Em flácido abandonoLembra formosa no seu casto sonoA languidez dormente da indiana,Enquanto o amante pálido, a seu ladoMedita, a fronte triste, o olhar veladoNo Mistério da Carne Soberana.




"Augusto dos Anjos"