segunda-feira, 9 de março de 2009

Rabisco


Vi um rabisco meu num canto isolado, numa esquina onde se deitava um mendigo. Mendigo esse que tinha um ar satânico quando tentava abrir teus olhos que não prestavam mais.
Esse rascunho ou rabisco estava colado na parede de frente ao mendigo, que olhava o rabisco como se fosse um Deus. Tinha um sorriso sórdido, me lembrou quando eu contava mentiras ou quando as pessoas me perguntavam quem eu era.
Eu tinha esse mesmo sorriso, sórdido, mascarado, mentiroso. Enfim tomei coragem e me aproximei do rabisco sagrado,o mendigo se quer se virou para ver quem se aproximava com tanta curiosidade.
Observei atentamente aquela parede, abaixei-me e depois olhei bem no fundo dos olhos do mendigo, e perguntei o que tanto admirava naquele rabisco, sua reposta foi a mais impressionante que já ouvi, disse-me com um ar de desdém que não havia nenhum rabisco pregado na parede. Não havia nada em lugar nenhuma, em canto algum se encontrava qualquer rabisco, e que tudo era fruto de minha fascinação por inventar rabiscos em todo canto.
Quando desesperada me dei conta que realmente quem imaginou ter visto um rascunho meu, era eu mesma, tentando nem que seja num rabisco qualquer, encontrar um esboço de um sorriso absorto.
M.M