quinta-feira, 19 de novembro de 2009

O ano tá acabando


O ano tá acabando, e como todo fim de ano, passa pela minha cabeça a mesma coisa: O que eu fiz e o que devo fazer agora? e todo ano vejo o quanto as coisas vão acabando, e parece que o fim ta sempre chegando. Cada ano que passa quero menos, cada ano que passa não desejo mais do que tenho. E o vazio em minha mente continua vagando perdido no espaço infinito que são meus pensamentos. Ás vezes passa tanta coisa dentro de mim que me perco em estradas sem saída. Sei lá, sempre me disseram que pra ser feliz precisava de ter carros, casas, dinheiro, seguir padrões estéticos, ter gente rica em volta de mim. E isso sempre me frustrou tanto,pois nunca desejei coisa alguma desse tipo. Quantas vezes não já me torturei por não ser o que os outros desejam. Sempre me sucumbiam a objetivos inventados por uma sociedade escrava e pobre ideologicamente. Meus desejos sempre deixados para trás ,pois tive que cumprir alguma tarefa Ignorante e sem sentido pra mim. Ás vezes penso que o consumo é felicidade mesmo, daí as pessoas ocupam a mente com coisas fúteis, não dando espaço as questões do tipo, quem sou eu? ou pior, porque estou aqui? Pra que obedecer normas inventadas e temer a um Deus que nunca vi? grandes bostas esse bando de ideologia religiosa. As vezes penso que seria muito mais fácil ser igual a todo mundo. Essa atmosfera existencialista só nos deixa pertubados demais. Ou preciso acreditar em alguém ou em alguma coisa. Nunca fui de acreditar em nada. Talvez é por isso que cada dia chego mais perto do vazio. O ano ta acabando...o que farei agora? daqui a pouco nem estudando estarei mais. Se ao menos tivesse uma família, amigos, marido ou um deus qualquer em quem acreditar. Mas nem isso. As pessoas envelhecem e param no tempo, as dívidas aumentam ,os filhos também. Daí não sobra mais ninguém com quem compartilhar ideias revolucionárias. A ideologia vai embora. O cansaço chega. É o ano tá acabando... E eu ainda nem sei o que eu quero amanhã... Queria querer alguma coisa.
Mas a fome não me deixa querer, o que eu sempre desejei foi mesmo conhecimento. Mas isso nos deixa um pouco surtados e revoltados com o mundo. Isso ninguém quer.
O ano tá acabando, os amigos estão indo embora, o vellho gordo corrupto do Papai Noel tá vindo aí, só pra suar a camisa de velhinhos miseráveis no Brasil, com aquela roupa e barba ridícula. Corrompendo crianças inocêntes ao vício da felicidade inventada. O consumismo. O ano tá acabando, e as perguntas continuam vagando no infinito da atmosfera esquisita que é minha mente.
E como é seu fim de ano?

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Poema em Linha Reta


Nunca conheci quem tivesse levado porrada.Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,Indesculpavelmente sujo,Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,Que tenho sofrido enxovalhos e calado,Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachadoPara fora da possibilidade do soco;Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.
Toda a gente que eu conheço e que fala comigoNunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...
Quem me dera ouvir de alguém a voz humanaQue confessasse não um pecado, mas uma infâmia;Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?Ó príncipes, meus irmãos,
Arre, estou farto de semideuses!Onde é que há gente no mundo?
Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?
Poderão as mulheres não os terem amado,Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?Eu, que venho sido vil, literalmente vil,Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.



Fernando Pessoa(Álvaro de Campos)

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

É como amar


Ouvir você, me inspira
Os teus acordes desafinados
São os mais fanáticos aos meus ouvidos
Ouvir você gritar palavras desconexas ao vento
É como o anoitecer
Você é digno de ser observado
Descobri assim uma outra forma de amar
Amar os desatinos, a imensidão
O profundo e o nada
Apenas olhar o mar
E vagar no escuro dos seus olhos adormecendo
Observar teu corpo desmoronar no abismo da felicidade
Isso é amar de verdade
M.A

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Meu teatro pra você


Não estou pedindo pra você falar nada mesmo
Só estou falando
Por falar
Nem sei por quê
Eu falo tudo pra você mesmo
Mesmo você não querendo falar
E não me respondendo
E me ignorando
Eu me sinto segura conversando com você
Eu vou continuar falando, falando e falando aqui
Mesmo sozinha
To nem aí
Nem pra você
Eu gosto mesmo de fazer monólogos na sua frente
M.A

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Pétalas ao Vento


A beleza da rosa em esconder seus espinhos a faz parecer inocente
Escondendo sua cor evidente e verdadeira
Sua alma é vermelha, seus desejos impuros, presos na terra pela raiz
Sem malícia vive do sol, da chuva e dos ventos que chegam até ela
Ela não é rosa e sim vermelha, esconde sua ansiedade de beber a água da cachoeira mais distante
Mas seria uma longa caminhada para essa rosa entediada
Que viu todos a sua volta indo e vindo sem perceber que sua vida valeria mais se não caminhasse até essas águas nunca calmas
A rosa que fez de suas pétalas asas.

Em uma noite de luar e céu estrelado voou longe
Um lugar desconhecido
Porém percebera que poucos tiveram a ousadia que a simples rosa teve nessa noite
Cada um esconde dentro de si o doce desejo de voar
Deixando que seus espinhos machuquem a consciência que lhe foi imposta
Ninguém nunca há de entender a rosa
Ninguém nunca há de entender a si próprio
Todos questionam seus próprios pensamentos
Todos se podaram além dos limites da sanidade
Mas ninguém terá a coragem e ousadia da pequena rosa que só quis ir além das dimensões geográficas que lhe foi imposta

A rosa e Eva que sempre foram ousadas em se questionar
Libertaram-se de um mundo hipócrita
E para toda eternidade serão mutiladas em todas as memórias de cada lenda que for passada
Geração por geração
O poder da rosa vermelha é mais ousado
O poder da maçã é mais profundo do que a hipocrisia humana
A sabedoria da serpente é mais desafiadora que a consciência e o conservadorismo medíocre
A rosa de Hiroshima era feita de espinhos da hipocrisia humana
M.A

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Efeito



Tantas páginas são viradas
E sequer olhei pra mim mesma
São tantas vírgulas no meio de milhares
De interrogações e exclamações pulsantes
Que até confundo os sentidos.
M.A

domingo, 19 de julho de 2009

Desagrado Desgosto



Eu sou a cara lavada da ditadura
Eu sou a podridão da esquerda
Eu sou a cegueira da visão
Eu sou a bosta no vaso
Eu sou o sabão no esgoto
Eu sou o resto do lixo
Eu sou carcereiro corrupto da minha alma
Eu sou a grade da prisão
Eu sou o bafo da manhã
Eu sou o cadáver esquecido na cozinha
Eu sou a unha que desliza no quadro negro
Eu sou o ranger dos dentes à noite
Eu sou a barata doente
Eu sou o seu incomodo
Sua insônia
A música que você odeia
A aula que você detesta
O desempregado e o bêbado da família
O berro da criança com fome
Eu sou o terror da morte
Eu sou o fim do mundo
Eu sou a sua agonia constante!
Que veio de outras eras
Bagunçar e desnortear mentes certas
Eu vim apagar as luzes do consciente
Trazer as larvas do esgoto
Para tirar você do trono
Eu sou o caos do avesso
Que traz o desagrado desgosto
De se levantar toda manhã

M.A

sábado, 13 de junho de 2009

Guria Desalinhada



Cruzei ventos de todas as direções
E ainda sou a imperfeição exata
Que chega sempre na hora errada

M.A

sábado, 11 de abril de 2009

O Amargo do Silêncio


E amargas desesperanças surgem na língua falha

E o destino se consome ao vento

Desaparecendo a leve sensação de felicidade

No meio da impura ilusão
M.A

terça-feira, 7 de abril de 2009

Verdades Descaradas



As pessoas são tão pretensiosas que acham que para atingir os céus e a divindade,ou para chegar ao Outro Lado ou Outro Mundo, qualquer que seja, é preciso ter um estudo minucioso de escritos sagrados. Atingindo um diálogo com um “Deus” ou algum profeta.
Não serão instruções escritas num livro dito divino que chegaremos a vida eterna.
O que é vida eterna? Pra que essa infinita ambição? não basta tudo ter fim? o que é o "fim" e onde é o "começo"?
Pra que tantas preocupações com o depois, se o que vai guiar seu espírito é teu “coração”
Sua alma pura te levará a bons caminhos
Já a impura levará a caminhos comparados ao inferno
É a liberdade do corpo que se alcança a satisfação da alma
É a paz interior que guiará os passos do meu corpo
É em "vida" que chegarei a divindade
Já o depois
Quem sabe?
Apenas não se sabe
É em dúvida que se vive
O que seria "buscar" se a certeza fosse verdade?



M.A

segunda-feira, 9 de março de 2009

Rabisco


Vi um rabisco meu num canto isolado, numa esquina onde se deitava um mendigo. Mendigo esse que tinha um ar satânico quando tentava abrir teus olhos que não prestavam mais.
Esse rascunho ou rabisco estava colado na parede de frente ao mendigo, que olhava o rabisco como se fosse um Deus. Tinha um sorriso sórdido, me lembrou quando eu contava mentiras ou quando as pessoas me perguntavam quem eu era.
Eu tinha esse mesmo sorriso, sórdido, mascarado, mentiroso. Enfim tomei coragem e me aproximei do rabisco sagrado,o mendigo se quer se virou para ver quem se aproximava com tanta curiosidade.
Observei atentamente aquela parede, abaixei-me e depois olhei bem no fundo dos olhos do mendigo, e perguntei o que tanto admirava naquele rabisco, sua reposta foi a mais impressionante que já ouvi, disse-me com um ar de desdém que não havia nenhum rabisco pregado na parede. Não havia nada em lugar nenhuma, em canto algum se encontrava qualquer rabisco, e que tudo era fruto de minha fascinação por inventar rabiscos em todo canto.
Quando desesperada me dei conta que realmente quem imaginou ter visto um rascunho meu, era eu mesma, tentando nem que seja num rabisco qualquer, encontrar um esboço de um sorriso absorto.
M.M

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

E Viva a Toda Nudez!



A nudez das palavras frias e sinceras
O eu lírico soando ao vento
Sem a mínima culpa de estar nu
E Viva a mente despida do mau caráter humano!
E quem foi que disse que toda nudez será castigada?
Viva as grandes idéias sem máscaras
Viva a todos seios caídos e cabelos mal lavados
E Viva mais uma vez a toda nudez da mente, corpo e alma!
M.A

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

A louca



Quando ela passa: - a veste desgrenhada,
O cabelo revolto em desalinho,
No seu olhar feroz eu adivinho
O mistério da dor que a traz penada.
Moça, tão moça e já desventurada;
Da desdita ferida pelo espinho,
Vai morta em vida assim pelo caminho,
No sudário de mágoa sepultada.
Eu sei a sua história. - Em seu passado
Houve um drama d’amor misterioso
- O segredo d’um peito torturado -
E hoje, para guardar a mágoa oculta,
Canta, soluça - coração saudoso,
Chora, gargalha, a desgraçada estulta.
Augusto dos Anjos

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Doentio




A maldição me cerca a cada passo que dou
E a cada passo que penso em dar me dói ,
E minhas pernas travam num ato tão sublime
Que paro, penso e continuo tentando
Já não tenho fôlego pra levar uma vida tão
Correta e linear
Sempre que tento andar sobre linhas retas
Os atalhos insistem em surgir no meio do caminho
Como curvas secretas
Me fazendo desviar da tênue linha reta
Ouçam, é o som da glória gritando pra mim mais uma vez
E eu fingi não escuta-l a,
Finjo não ouvir, finjo não ver
Finjo não ter medo do destino que eu mesma criei pra mim
Tentar morrer é tão difícil quanto tentar viver
Talvez seja mais simples viver sobre cacos de vidros,
Do que ser alguém que nunca fui ao lado dos
Hipócritas que as pessoas se tornaram
Essa falsidade que torna seres tão complexos e egocêntricos
A complexidade humana transformou o ‘’Ser’’ em ‘’Ter’’.
Eu Gosto é das mãos sujas de lama,
Eu Gosto é do gesto rude no olhar,
Eu Gosto é da maldita descrição que fazem sobre mim,
O sujo, o mal lavado e o desalinhado é que me interessa.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Quem?


Qual será a verdade que caminha ao meu lado?

E qual é a mentira que me seduz?

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Hipocrisia


O mundo é um cu onde todos se encontram cheio de merda!

domingo, 4 de janeiro de 2009

Desespero




No desespero da solidão eu grito e peço um abraço um beijo um tapa se quer,
Corto corações amigos, sou má comigo mesma e principalmente contigo...
Amo e odeio por isso sou livre, e só...
Somente eu, meu grito e desespero de viver cada dia mais e morrer todos dias, me faz renascer logo depois do pôr do sol.

Destemida, desinibida , desiludida, corajosa, encrenqueira, desnuda, descarada , amedrontada, fria, extremista, surtos de sinceridade me perseguem...

Saio por aí apontando arma na cabeça dos outros, jogando garrafas para o alto e quebrando pratos dentro de casa, correndo risco de vida a cada segundo...
Assim me sinto mais viva, encarando a morte, vivendo cada dia intensamente, pensando como fazer melhor ou pior amanhã.
Enfim o grotesco é o meu hábito!