Tantas páginas são viradas E sequer olhei pra mim mesma São tantas vírgulas no meio de milhares De interrogações e exclamações pulsantes Que até confundo os sentidos.
Eu sou a cara lavada da ditadura Eu sou a podridão da esquerda Eu sou a cegueira da visão Eu sou a bosta no vaso Eu sou o sabão no esgoto Eu sou o resto do lixo Eu sou carcereiro corrupto da minha alma Eu sou a grade da prisão Eu sou o bafo da manhã Eu sou o cadáver esquecido na cozinha Eu sou a unha que desliza no quadro negro Eu sou o ranger dos dentes à noite Eu sou a barata doente Eu sou o seu incomodo Sua insônia A música que você odeia A aula que você detesta O desempregado e o bêbado da família O berro da criança com fome Eu sou o terror da morte Eu sou o fim do mundo Eu sou a sua agonia constante! Que veio de outras eras Bagunçar e desnortear mentes certas Eu vim apagar as luzes do consciente Trazer as larvas do esgoto Para tirar você do trono Eu sou o caos do avesso Que traz o desagrado desgosto De se levantar toda manhã M.A