sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Criação


Criando asas por aí me faço descontruindo as cercas que me cercam. E distraindo o universo pra enganar a morte e seguir o descompasso do infinito.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

O ano tá acabando


O ano tá acabando, e como todo fim de ano, passa pela minha cabeça a mesma coisa: O que eu fiz e o que devo fazer agora? e todo ano vejo o quanto as coisas vão acabando, e parece que o fim ta sempre chegando. Cada ano que passa quero menos, cada ano que passa não desejo mais do que tenho. E o vazio em minha mente continua vagando perdido no espaço infinito que são meus pensamentos. Ás vezes passa tanta coisa dentro de mim que me perco em estradas sem saída. Sei lá, sempre me disseram que pra ser feliz precisava de ter carros, casas, dinheiro, seguir padrões estéticos, ter gente rica em volta de mim. E isso sempre me frustrou tanto,pois nunca desejei coisa alguma desse tipo. Quantas vezes não já me torturei por não ser o que os outros desejam. Sempre me sucumbiam a objetivos inventados por uma sociedade escrava e pobre ideologicamente. Meus desejos sempre deixados para trás ,pois tive que cumprir alguma tarefa Ignorante e sem sentido pra mim. Ás vezes penso que o consumo é felicidade mesmo, daí as pessoas ocupam a mente com coisas fúteis, não dando espaço as questões do tipo, quem sou eu? ou pior, porque estou aqui? Pra que obedecer normas inventadas e temer a um Deus que nunca vi? grandes bostas esse bando de ideologia religiosa. As vezes penso que seria muito mais fácil ser igual a todo mundo. Essa atmosfera existencialista só nos deixa pertubados demais. Ou preciso acreditar em alguém ou em alguma coisa. Nunca fui de acreditar em nada. Talvez é por isso que cada dia chego mais perto do vazio. O ano ta acabando...o que farei agora? daqui a pouco nem estudando estarei mais. Se ao menos tivesse uma família, amigos, marido ou um deus qualquer em quem acreditar. Mas nem isso. As pessoas envelhecem e param no tempo, as dívidas aumentam ,os filhos também. Daí não sobra mais ninguém com quem compartilhar ideias revolucionárias. A ideologia vai embora. O cansaço chega. É o ano tá acabando... E eu ainda nem sei o que eu quero amanhã... Queria querer alguma coisa.
Mas a fome não me deixa querer, o que eu sempre desejei foi mesmo conhecimento. Mas isso nos deixa um pouco surtados e revoltados com o mundo. Isso ninguém quer.
O ano tá acabando, os amigos estão indo embora, o vellho gordo corrupto do Papai Noel tá vindo aí, só pra suar a camisa de velhinhos miseráveis no Brasil, com aquela roupa e barba ridícula. Corrompendo crianças inocêntes ao vício da felicidade inventada. O consumismo. O ano tá acabando, e as perguntas continuam vagando no infinito da atmosfera esquisita que é minha mente.
E como é seu fim de ano?

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Poema em Linha Reta


Nunca conheci quem tivesse levado porrada.Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,Indesculpavelmente sujo,Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,Que tenho sofrido enxovalhos e calado,Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachadoPara fora da possibilidade do soco;Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.
Toda a gente que eu conheço e que fala comigoNunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...
Quem me dera ouvir de alguém a voz humanaQue confessasse não um pecado, mas uma infâmia;Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?Ó príncipes, meus irmãos,
Arre, estou farto de semideuses!Onde é que há gente no mundo?
Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?
Poderão as mulheres não os terem amado,Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?Eu, que venho sido vil, literalmente vil,Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.



Fernando Pessoa(Álvaro de Campos)

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

É como amar


Ouvir você, me inspira
Os teus acordes desafinados
São os mais fanáticos aos meus ouvidos
Ouvir você gritar palavras desconexas ao vento
É como o anoitecer
Você é digno de ser observado
Descobri assim uma outra forma de amar
Amar os desatinos, a imensidão
O profundo e o nada
Apenas olhar o mar
E vagar no escuro dos seus olhos adormecendo
Observar teu corpo desmoronar no abismo da felicidade
Isso é amar de verdade
M.A

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Meu teatro pra você


Não estou pedindo pra você falar nada mesmo
Só estou falando
Por falar
Nem sei por quê
Eu falo tudo pra você mesmo
Mesmo você não querendo falar
E não me respondendo
E me ignorando
Eu me sinto segura conversando com você
Eu vou continuar falando, falando e falando aqui
Mesmo sozinha
To nem aí
Nem pra você
Eu gosto mesmo de fazer monólogos na sua frente
M.A

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Pétalas ao Vento


A beleza da rosa em esconder seus espinhos a faz parecer inocente
Escondendo sua cor evidente e verdadeira
Sua alma é vermelha, seus desejos impuros, presos na terra pela raiz
Sem malícia vive do sol, da chuva e dos ventos que chegam até ela
Ela não é rosa e sim vermelha, esconde sua ansiedade de beber a água da cachoeira mais distante
Mas seria uma longa caminhada para essa rosa entediada
Que viu todos a sua volta indo e vindo sem perceber que sua vida valeria mais se não caminhasse até essas águas nunca calmas
A rosa que fez de suas pétalas asas.

Em uma noite de luar e céu estrelado voou longe
Um lugar desconhecido
Porém percebera que poucos tiveram a ousadia que a simples rosa teve nessa noite
Cada um esconde dentro de si o doce desejo de voar
Deixando que seus espinhos machuquem a consciência que lhe foi imposta
Ninguém nunca há de entender a rosa
Ninguém nunca há de entender a si próprio
Todos questionam seus próprios pensamentos
Todos se podaram além dos limites da sanidade
Mas ninguém terá a coragem e ousadia da pequena rosa que só quis ir além das dimensões geográficas que lhe foi imposta

A rosa e Eva que sempre foram ousadas em se questionar
Libertaram-se de um mundo hipócrita
E para toda eternidade serão mutiladas em todas as memórias de cada lenda que for passada
Geração por geração
O poder da rosa vermelha é mais ousado
O poder da maçã é mais profundo do que a hipocrisia humana
A sabedoria da serpente é mais desafiadora que a consciência e o conservadorismo medíocre
A rosa de Hiroshima era feita de espinhos da hipocrisia humana
M.A

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Efeito



Tantas páginas são viradas
E sequer olhei pra mim mesma
São tantas vírgulas no meio de milhares
De interrogações e exclamações pulsantes
Que até confundo os sentidos.
M.A