sexta-feira, 6 de abril de 2007




Precisava de alguém pra ler
Precisava de alguém pra ver
Pra falar...
Pra andar de mãos dadas para o infinito
Mas cortaram ,em um dia, minha língua
Cortaram em dia ruim,meus braços
Me esquartejaram por completo,o meu corpo
Minha cabeça foi mutilada,
Meus dentes fizeram de jaula para minha língua dormente
Meus olhos, arrancaram de mim e guardaram em um lugar seguro
Um lugar inacessível à todos,
Não podem saber o que esses olhos já viram
E o que esses braços fizeram
E por onde andaram essas pernas machucadas
Alma prisioneira do meu destino
Triste imortalidade que me deixa aqui
Só,
Pecador de uma vida sem leis,sem limites
Enlouquecendo no caminho para cova
Levando o fardo em minhas costas,para o seu lar,
Seu abrigo,
Terra que te prende dentro daquela caixa lacrada
Guardo a vida para a eternidade
E a insanidade a mãe eterna do meu caminho


M.A

quinta-feira, 5 de abril de 2007


A cada passo um compasso da poesia
Compasso esse, que sem ritmo
Não segue a música nem melodia
O viver é a bailarina do conviver.
Instável conviver de nós mesmos
A poesia são palavras avulsas que cantam dentre meus dentes
Palavras essas que rasgam meu peito
Cegam meus olhos
Ensurdecem meus ouvidos .
O desafinado som da poesia
Que não busca objetivos
Nem quer o além
Pobre do poeta que esperar algo da poesia
Pois só lhe restará as rimas bem desditas


A cada passo um compasso do poeta
A cada compasso um passo em falso do poeta
Uma frase mal feita do poeta,ainda é um poeta!
De passos mal dados do poeta
Cinzas jogadas pelo caminho do poeta
Mau passo dado para o espelho segue o reflexo do poeta
Palavras desditas,em um dia errado do poeta
Na chuva, o descaminho, que ajudou a seguir o poeta
De joelhos o poeta ficou ,diante do sol
Voando na hora da lua
Quando a maldita desdita veio visitar o poeta
Querendo rejeitar o poeta
Por apenas ser um nobre poeta
Querendo se casar com a poesia


A cada passo um compasso
A cada dia um novo dia
A cada lua uma estrela
O passo e o compasso
Em sintonia,com o ritmo de sua dança
Sua dança de passos largos
Errantes canibais de nossas palavras mal ditas
Rodeados de mentiras bem ditas
De vidas opostas contornadas pelas lembranças do passado
De um poeta que casou com a poesia.
Madana Mohana

Ser








Queria poder ser a estabilidade mutua da minha existência
Deixar o medo de ‘Ser’, do lado de fora
Com a mesma calma de atravessar uma rua
Queria poder te beijar até cair minha língua
Andar de mãos dadas com um amor
Deixar fluir as sensações de poder se sentir estável
Mas a instabilidade da minha incrível liberdade
Me prende em uma rua sem saída
Sem volta...
Preso em uma mundo sem chaves
Instável, de tanto correr de mim mesmo
Já perdi todos meus pés
Ando me arrastando em um caminho só
Apenas com as muletas que tu me emprestastes
Em uma noite de lua cheia
Na beira do abismo,quando fui me jogar
Já estava cego, sem teus braços pra me segurar
Algemado sempre ao vento, deixando ele levar minhas pernas aleijadas
Para a longa liberdade sem fim
Talvez aquele abismo fosse meu único amigo
Fosse me acolher em seus olhos profundos
A longa eternidade de conseguir atingir
Um abrigo aconchegante
Largue a dor da vida
Deite-se com sua inimiga intima todas as noites
Ela irá lhe confortar da sombria luz do sol
Que te cega sempre ao meio dia.



M.A