quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

A louca



Quando ela passa: - a veste desgrenhada,
O cabelo revolto em desalinho,
No seu olhar feroz eu adivinho
O mistério da dor que a traz penada.
Moça, tão moça e já desventurada;
Da desdita ferida pelo espinho,
Vai morta em vida assim pelo caminho,
No sudário de mágoa sepultada.
Eu sei a sua história. - Em seu passado
Houve um drama d’amor misterioso
- O segredo d’um peito torturado -
E hoje, para guardar a mágoa oculta,
Canta, soluça - coração saudoso,
Chora, gargalha, a desgraçada estulta.
Augusto dos Anjos

Um comentário:

Dan disse...

Augusto: pé de tamarindo elegante, mas com frequência mórbido. A louca não é aquela que trilha a rota da epifania? Quero ver Mxxxxx dar sua risada.

Aryaman Solarian